3 Verdades mais importantes sobre a saúde da população trans

Confira os dados de pesquisas e associações profissionais que revelam as melhores práticas no cuidado com a saúde das pessoas trans, incluindo crianças e jovens

Beatriz Pagliarini Bagagli
28 min readSep 27, 2021
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VERDADE #1

A ocorrência de sintomas de transtorno mental e sofrimento psíquico de fato é mais prevalente na população trans do que na população cis (ou na população em geral).

No entanto, isso não nos permite concluir automaticamente que: 1) a identidade trans ou a transição de gênero (o que inclui a realização de procedimentos de alteração corporal) sejam a causa direta dos sintomas e/ou da maior parte dos sintomas; 2) seja possível converter a identidade de gênero de uma pessoa transgênera para cisgênera com o objetivo de tratar os sintomas de transtornos mentais; 3) as tentativas de conversão de identidade de gênero sejam de fato benéficas e terapêuticas (conferir mito #3).

Não existe nenhuma evidência de que seja possível manipular a identidade de gênero de alguém por meio quaisquer técnicas psicológicas ou comportamentais com o objetivo de favorecer uma identificação cisgênera e evitar, por consequência, os sintomas de sofrimento psíquico associados à identificação transgênera. Neste sentido, como bem pontua Tannehill (2015), qualquer proposta que sugere que a solução para o problema do suicídio ou dos transtornos mentais na comunidade transgênera seja meramente deixar de ser transgênero não passa de uma piada de mau gosto ou um gesto cínico.

O estudo de Dhejne et al. (2011) realizado na Suécia, por exemplo, que encontrou níveis mais altos de mortalidade (principalmente decorrente de suicídio) na população trans que realizou a cirurgia de redesignação em comparação com a população em geral, é frequentemente distorcido para corroborar a ideia ou percepção equivocadas de que a transição de gênero ou a realização da cirurgia teriam causado esses níveis mais elevados. As deturpações do estudo simplesmente desconsideraram que as taxas mais altas de suicídio e mortalidade entre pessoas trans possa decorrer do estresse de minoria (conferir verdade #2), fruto de discriminação e exclusão social, ao invés das intervenções médicas de afirmação de gênero. Muitos dos comentaristas que distorcem o estudo também simplesmente omitem que as taxas mais elevadas encontradas na pesquisa só se aplicam para aquelas pessoas que realizaram a transição antes do ano de 1989. Segundo os autores do estudo, a ausência de níveis mais elevados de mortalidade entre as pessoas trans mais jovens pode ser explicada pela melhoria dos cuidados de saúde para pessoas transexuais a partir da década de 1990, juntamente com a melhoria das atitudes sociais em relação à diversidade das expressões de gênero.

Em resposta a essas repercussões equivocadas, a própria Cecilia Dhejne, principal autora do artigo, fez questão de ressaltar que o estudo não permite estabelecer nenhum elo de causalidade entre a realização de cirurgia de redesignação e taxas mais elevadas de problemas mentais e mortalidade, já que estes índices poderiam ser ainda piores caso essas intervenções não tivessem sido realizadas. Assim, é preciso levar em consideração que a comparação feita no estudo se deu entre pessoas trans que realizaram a transição médica e a população em geral. Os autores não compararam a população trans que realizou a cirurgia de redesignação com a população que não recebeu esta intervenção, nem comparou a saúde da população que realizou a cirurgia antes e depois deste procedimento.

Discursos cisnormativos buscam dar a entender que o estudo comparou a condição de saúde de pessoas transexuais antes e depois da cirurgia para concluir ou inferir que a cirurgia contribuiu para desfechos clínicos desfavoráveis naquelas que realizaram as alterações e, por outro lado, para desfechos supostamente mais favoráveis naquelas que não fizeram, o que definitivamente não foi o caso, já que o estudo apenas abordou as pessoas trans que já haviam feito a cirurgia, comparando-as com a população em geral.

Bailey, Ellis e McNeil (2014) encontraram, por meio do Trans Mental Health Study (McNeil et al., 2012) — a maior pesquisa da população trans do Reino Unido até o momento — que um ambiente favorável para a transição social e a facilidade do acesso à cuidados de afirmação de gênero (conferir verdade #3), para aqueles que os necessitavam, constituem como fatores de proteção contra ideações suicidas e tentativas de suicídios. Os autores também observaram que as pessoas trans estão em maior risco de terem ideações suicidas e tentarem o suicídio antes da transição social e/ou médica e que, em muitos casos, pessoas trans que precisam de acesso a hormônios e cirurgia podem ficar sem suporte ou atendimento por períodos perigosamente longos. A falta ou dificuldade do acesso a cuidados afirmativos para as pessoas trans agrava o efeito negativo prévio da discriminação e estigma na saúde mental (APA, 2015, p. 10, conferir verdade #2).

A pesquisa de Owen-Smith et al. (2018) descobriu que pessoas com disforia de gênero que não se submeteram a nenhum tratamento de confirmação de gênero têm duas vezes mais chances de apresentar depressão moderada a grave e quatro vezes mais chances de sentir ansiedade do que os seus pares que tiveram acesso aos cuidados médicos específicos. Bauer et al. (2015) defendem que a facilitação do acesso a transição médica para aquelas pessoas que desejam deve ser encarada como como parte de uma abordagem abrangente para a prevenção do suicídio na população trans, além de assinalar a retificação de documentos de identificação oficiais e apoio social e familiar como fatores de proteção ao suicídio.

Ao contrário do que pode supor comentaristas transfóbicos, Dhejne frisa a importância dos cuidados de afirmação de gênero para a saúde da população trans. A realização das alterações corporais pelas pessoas trans que as desejam está, de fato, associada com uma melhora na saúde mental e qualidade de vida (AINSWORTH; SPIEGEL, 2010; MURAD et al., 2010). Poucos anos depois, Dhejne et al. (2016), em uma revisão de literatura, afirmam nesta direção que “embora os níveis de psicopatologia e distúrbios psiquiátricos em pessoas trans que frequentam os serviços no momento da avaliação são mais elevados do que na população cis; eles melhoram após intervenção médica de confirmação de gênero, em muitos casos atingindo valores normativos”. Uma revisão de literatura publicada originalmente em 2002 sobre as intervenções cirúrgicas em pessoas trans já apontava explicitamente que a “pesquisa empírica não confirma a opinião que o suicídio é fortemente associado com a transformação cirúrgica” (MICHEL et al., 2002).

Vale ainda lembrar que as pessoas trans estão mais predispostas a experienciam fatores que são sabidamente de risco para o suicídio do que a população em geral. Tratam-se de fatores de riscos para suicídio que também se aplicam para pessoas cis, como abuso de substâncias, trauma, violência, abuso sexual, falta de moradia (conferir atuação da True Colors United, segundo o seu levantamento, a população LGBT jovem está 120% mais predisposta a ter falta de moradia do que a população em geral), níveis de educação mais baixos e maior desemprego (conferir: GRANT et al., 2011; JOHNS et al., 2019; LOMBARDI et al., 2002; MORTON et al., 2018).

Como bem pontua Tannehill (2015), uma trajetória de vida marcada pelo preconceito, assédio e discriminação deixa cicatrizes persistentes. Independentemente do acesso aos cuidados médicos de transição de gênero, as pessoas trans terão que se confrontar com os traumas que decorrem destas violências. Não faz o menor sentido atrelar a comprovação do caráter benéfico dos cuidados médicos de transição a um desaparecimento absoluto dos sintomas psíquicos que decorrem do estresse de minoria. As alterações corporais são comprovadamente eficazes para diminuir a disforia de gênero, mas não são capazes de abordar completamente o estresse de minoria (conferir a verdade #2). Isto se dá, pois, a origem do estresse de minoria, ao invés da disforia de gênero, localiza-se nas formas sociais de discriminação e violência.

Confira a publicação Preventing suicide among trans young people: A toolkit for nurses (2015), da Royal College of Nursing (RCN).

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VERDADE #2

Parte significativa do sofrimento psíquico que pessoas trans experienciam decorre do fato delas não conseguirem expressar o seu gênero sem sofrer rejeição familiar, discriminação, violência, hostilidade, exclusão social e estigmatização. As taxas mais elevadas de transtornos mentais na população trans em comparação com a população em geral são explicadas pelo estresse de minoria. Os inúmeros obstáculos ao acesso a cuidados médicos de afirmação de gênero também prejudicam a saúde da população trans, agravando o sofrimento.

O aumento da prevalência de transtornos mentais na população trans é amplamente considerado como uma consequência do estresse de minoria (HENDRICKS; TESTA, 2012), que é o estresse crônico de ter que lidar com o estigma social e a discriminação (AMA, 2021). Em razão disto, a American Psychological Association (2015, p. 24) explicitamente defende que os psicólogos se esforcem para promover mudanças sociais que reduzam os efeitos negativos do estigma sobre a população trans, ajudando a formulação de políticas públicas, por exemplo.

Estratégias e recursos (individuais e coletivos) e demais fatores relacionados à capacidade de sobreviver, lidar e prosperar em face a esse conjunto de estressores são chamados de resiliência (SINGH et al., 2011). Na população trans, a resiliência está associada, entre outras coisas, ao sentimento de autoestima e conexão com as demais pessoas trans (senso de pertencimento à comunidade) (TESTA et al., 2014) e à frequência com que se tem contato com outras pessoas LGBT (BARIOLA et al., 2015), podendo ser fortalecida por meio dos frutos do engajamento na luta por direitos coletivos (BRESLOW et al., 2015; BOCKTING et al., 2013). As pessoas trans podem desenvolver uma maior resiliência quando se conectam com outras pessoas trans ou redes de apoio que ajudam a fornecer informações sobre como manejar o preconceito anti-trans e facilitar o acesso aos cuidados e recursos desejados (APA, 2015, p. 38).

Em que pese o fato de ser necessário a realização de mais estudos, os estudos empíricos já existentes sobre a saúde mental dos jovens LGBT baseiam-se na literatura atual sobre os fatores de risco e proteção, bem como nos mecanismos psicológicos implicados no estresse de minoria, e representam uma base importante para pesquisas e práticas clínicas atuais e futuras (RUSSELL; FISH, 2016). O grau de rejeição familiar, sentimento de solidão, discriminação, violência física e verbal e abuso sexual estão todos proporcionalmente correlacionados com os níveis de tentativas de suicídio, suicídio e de abuso de substância nos jovens trans, assim como de sofrimento psíquico (CLEMENTS-NOLLE et al., 2006; FULLER, RIGGS, 2018; GOLDBLUM et al., 2012; GROSSMAN et al., 2021; GROSSMAN; D’AUGELLI, 2007; HERMAN et al., 2019; KLEIN, GOLUB, 2016; NUTTBROCK et al., 2010; RYAN et al., 2009; TRAVERS et al., 2012; YADEGARFARD et al., 2014).

Diversos estudos igualmente mostram que a discriminação e violência contra a população trans é extremamente recorrente (GRANT et al., 2011, 2010; BRADFORD et al., 2013), o que explica, portanto, o alto grau de prevalência de sintomas de transtornos mentais entre a população trans. Segundo boletim publicado pelo projeto Trans Pulse, 98% das pessoas trans de Ontário, Canadá, já experienciaram alguma forma de transfobia (MARCELLIN et al., 2013). 80% dos alunos transgêneros relataram que se sentem inseguros na escola por causa de sua expressão de gênero e mais da metade dos alunos em não conformidade de gênero sofreram assédio verbal, segundo a 2011 National School Climate Survey, que entrevistou mais de 8.500 alunos com idades entre 13 e 20 anos nos Estados Unidos.

Fatores de risco para o suicídio, estresse de minoria e sintomas de depressão/ sofrimento psíquico entre a população trans também incluem vulnerabilidades sociais decorrentes de intersecções raciais (GOLDEN; ORANSKY, 2019), transfobia internalizada (PEREZ-BRUMER et al., 2015), encarceramento, desemprego (CLEMENTS-NOLLE et al., 2006), baixa renda (NEMOTO et al., 2011) e falta de passabilidade (ser socialmente percebido como trans ou em não conformidade de gênero) (TANNEHILL, 2015).

Os efeitos adversos que decorrem da não afirmação do gênero dos jovens tendem a serem desconsiderados, tendo em vista a ação de vieses cisnormativos, hegemônicos em nossa sociedade (ex.: a cisgeneridade é natural, preferível às transgeneridades; as identidades trans são doenças que deveriam ser “prevenidas” ou “curadas” quando for possível, etc). Ter de esconder a identidade transgênera ou traços de não conformidade de gênero podem causar sérios problemas durante a infância e mais tarde na vida — incluindo depressão, ansiedade, automutilação e até suicídio (MURCHISON et al., 2016, p. 6).

Segundo editorial da revista The Lancet Child & Adolescent Health (2021), as iniciativas legislativas recentemente propostas nos EUA que visam proibir o acesso a cuidados de afirmação de gênero para menores de idade na verdade buscam proteger as normas de gênero ao invés da saúde dos menores de idade, utilizando, para isso, um grupo vulnerável para propagar uma guerra cultural. O editorial também aponta que os danos ao bem-estar decorrentes da proibição de cuidados são enormes.

A Endocrine Society (2019); a American Academy of Child and Adolescent Psychiatry (2019); a WPATH (2020) (em associação com a USPATH e a EPATH); a USPATH (2021); a American Medical Association (AMA, 2021); a American Psychiatric Association (2021), em associação com a American Academy of Family Physicians; a American Academy of Pediatrics; a American College of Physicians; a American College of Obstetricians and Gynecologists e a American Osteopathic Association; publicaram notas repudiando tais tipos de iniciativas legislativas que criminalizariam os profissionais de saúde que oferecem cuidados para jovens trans menores de idade.

Parks et al.(2021) afirmam que os cuidados médicos para a transição de gênero destinado para menores de idade não são uma forma de “experimentação”, como argumentam equivocadamente os proponentes da criminalização, pois são baseados em evidências de longa data e comprovadamente benéficos. Conferir página da American Psychological Association.

Não permitir com que um jovem realize sua transição não é uma opção neutra (COHEN-KETTENIS et al., 2008), sem consequências para os jovens. Assim, não apenas a decisão pela transição deve ser avaliada em termos de riscos e benefícios em potencial; a decisão pela não transição também deve ser avaliada, ao invés de ser assumida como uma condição pretensamente neutra ou sem consequências negativas em potencial. A postergação do acesso ou direito à transição de gênero pode representar sérias consequências negativas para as crianças e jovens (MURCHISON, 2016, p. 12).

Os achados de pesquisas como as de Olson et al. (2016) e Durwood et al. (2017), que mostram a inexistência de taxas mais altas de depressão e baixa autoestima nas crianças trans que transicionaram em comparação com os seus pares cisgêneros, corroboram o modelo de estresse de minoria aplicado às pessoas transgêneras. Estes achados, segundo os autores, contrastam com estudos anteriores que mostram níveis drasticamente elevados de ansiedade e depressão em crianças em não conformidade de gênero que não fizeram a transição social. Segundo Turban (2017), embora a literatura ainda seja limitada, a base de evidências em consolidação sugere que os jovens que fizeram a transição social têm saúde mental superior em comparação com coortes anteriores de jovens transgêneros encaminhados para clínicas que não tiveram permissão para fazer a transição social.

Se alguém quiser cogitar algum caráter patológico, terá que o atribuir à falta de aceitação e inclusão social, e não às próprias pessoas trans. Shumer (2018) é sucinto: uma saúde física e mental precária não é um resultado inevitável para jovens transgêneros e em não conformidade de gênero.

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VERDADE #3

A afirmação de gênero é benéfica para a saúde das pessoas trans, incluindo de crianças e jovens. Procedimentos de alteração corporal são comprovadamente eficazes para diminuir a disforia de gênero, contribuindo para a saúde da população trans.

A Diretriz 11 das Diretrizes para Práticas Psicológicas com Pessoas Trans e em Não Conformidade de Gênero (2015), da American Psychological Association, insta aos psicólogos que reconheçam que as pessoas trans e em não conformidade de gênero vivem melhor quando recebem apoio social e cuidado afirmativo.

Por meio de uma revisão sistemática que selecionou 55 estudos entre todos os artigos revisados por pares publicados em língua inglesa entre 1991 e 2017, o projeto “What We Know” da Cornell University identificou que 93% deles mostraram que a transição de gênero melhorou o bem-estar geral de pessoas trans, 4% tiveram resultados nulos ou mistos e nenhum indicou danos. Trata-se, portanto, de um robusto consenso internacional na literatura científica revisada por pares que mostra que uma maior disponibilidade de apoio médico e social para a transição de gênero contribui para uma melhor qualidade de vida para as pessoas trans.

Alguns estudos que mostram os benefícios do acesso a cuidados médicos de afirmação de gênero para pessoas trans: Ainsworth e Spiegel (2010); Bailey et al. (2014); Boza e Nicholson (2014); Budge et al. (2013); Cardoso da Silva et al. (2016); Close (2012); Colizzi et al. (2013); De Cuypere et al. (2005); Gómez-Gil et al. (2012); Gómez-Gil et al. (2014); Gorin-Lazard et al. (2012); Lobato et al. (2016); Rotondi et al. (2011).

Em específico, estudos que mostram os benefícios de cuidados médicos de afirmação de gênero para crianças e adolescentes: Achille et al. (2020); Allen et al. (2019); Call et al. (2021); Cohen-Kettenis e Van Goozen (1997); Connolly et al. (2016); de Vries et al. (2014); Delemarre-Van De Waal e Cohen-Kettenis (2006); Edwards-Leeper e Spack (2012); Guss et al. (2015); Guy (2014); Kuper et al. (2020); López de Lara et al. (2020); Rosenthal (2016); Smith et al. (2005); Turban et al. (2020); van der Miesen et al. (2020).

Revisões de literatura: Bockting et al. (2016); Costa; Colizzi (2016); Dhejne et al. (2016); Murad et al. (2010); Reisner et al. (2016).

Diretrizes e posicionamentos de entidades profissionais sobre o cuidado com a saúde da população trans, incluindo de crianças e adolescentes:

· Standards of Care for the Health of Transsexual, Transgender, and Gender Nonconforming People, da World Professional Association for Transgender Health (2022);

· Gender-Affirming Policies Support Transgender and Gender Diverse Youth’s Health (Statement of the Evidence) da Society for Research in Child Development (2022);

· Gender-affirming healthcare guideline for South Africa, da Southern African HIV Clinicians’ Society (2021);

· Medical Care of Trans and Gender Diverse Adults, da Fenway Health (2021);

· Proper Care of Transgender and Gender Diverse Persons in the Setting of Proposed Discrimination: A Policy Perspective, da Endocrine Society e Pediatric Endocrine Society (2021);

· Assessment and Hormonal Management in Adolescent and Adult Trans People, With Attention for Sexual Function and Satisfaction, da European Society for Sexual Medicine (2020);

· Australian Standards of Care and Treatment Guidelines for Trans and Gender Diverse Children and Adolescents, da Australian Professional Association for Trans Health (2020);

· Position Statement on Treatment of Transgender (Trans) and Gender Diverse Youth, da American Psychiatric Association (2020);

· Guidelines for gender-affirming primary care with trans and non-binary patients (4th edition), da Sherbourne Health (2019);

· Health insurance coverage for gender-affirming care of transgender patients, da American Medical Association (2019);

· Guidelines for gender affirming healthcare for gender diverse and transgender children, young people and adults in Aotearoa, New Zealand, da Transgender Health Research Lab, University of Waikato (2018);

· Ensuring Comprehensive Care and Support for Transgender and Gender-Diverse Children and Adolescents, da American Academy of Pediatrics (2018);

· Position Statement on Access to Care for Transgender and Gender Diverse Individuals, da American Psychiatric Association (2018);

· Statement on gender-affirmative approach to care, do Pediatric Endocrine Society Special Interest Group on Transgender Health (2017);

· Transgender and Gender Diverse Youth, da American Academy of Child and Adolescent Psychiatry (2017);

· Clinical Practice Guideline, da Endocrine Society (2017);

· Guidelines for the Primary and Gender-Affirming Care of Transgender and Gender Nonbinary People, da UCSF Transgender Care (2016);

· Supporting & Caring for Transgender Children, da Human Rights Campaign, American Academy of Pediatrics e American College of Osteopathic Pediatricians (2016);

· Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Health Disparities: Executive Summary of a Policy Position Paper From the American College of Physicians (2015);

· Guidelines for Psychological Practice With Transgender and Gender Nonconforming People, da American Psychological Association (2015, disponível tradução autorizada em português);

· Statement on Transgender People, da World Medical Association (2015);

· A Practitioner’s Resource Guide: Helping Families to Support Their LGBT Children, da Substance Abuse and Mental Health Services Administration (2014);

· Mental Health Care for People Who Identify as Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender, and (or) Queer, da Canadian Psychiatric Association (2014);

· Good practice guidelines for the assessment and treatment of adults with gender dysphoria, do Royal College of Psychiatrists (2013);

· Recommendations for Promoting the Health and Well-Being of Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Adolescents, da Society for Adolescent Health and Medicine (2013);

· Standards of Care for the Health of Transsexual, Transgender, and Gender Nonconforming People, da World Professional Association for Transgender Health (2012) (disponível versão em português);

· Report of the American Psychiatric Association Task Force on Treatment of Gender Identity Disorder (2012);

· Practice Parameter on Gay, Lesbian, or Bisexual Sexual Orientation, Gender Nonconformity, and Gender Discordance in Children and Adolescents, da American Academy of Child and Adolescent Psychiatry (2012);

· Supporting Gender Independent Children and their Families, da Rainbow Health Ontario (2012);

· The Health of Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender People, do Institute of Medicine (US) Committee on Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Health Issues and Research Gaps and Opportunities (2011);

· Competencies for Counseling Transgender Clients, da Association for Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Issues in Counseling (2009);

· Endocrine Therapy for Transgender Adults in British Columbia: Suggested Guidelines, da Vancouver Coastal Health, Transcend Transgender Support & Education Society, and the Canadian Rainbow Health Coalition (2006);

· Clinical management of gender identity disorder in adolescents: a protocol on psychological and paediatric endocrinology aspects, da Society of the European Journal of Endocrinology (2006).

Declarações de outras associações ou entidades profissionais sobre questões de saúde da população, recursos e blogs estão disponíveis em: A Trans 101 Blog, ANTRA, Brynn Tannehill, Cakeworld, Dallas Denny, Florence Ashley, Gender Analysis, Gender Dysphoria Affirmative Working Group, Gender Identity Research and Education Society, GenderGP, GID Reform Weblog, Growing Up Transgender, Heron Greenesmith, Julia Serano, Lambda Legal, Lynn Conway, Mermaids UK, National Center for Transgender Equality, Schuyler Bailar, Sebastian Mitchell Barr, TGEU, Trans Media Watch, Trans Policy Reform Blog, TransActual, TransAdvocate, Transas City, Transgender Law Center, Transgender Legal Defense & Education Fund, Transgender Map, Trans-Health, TransSafety.Network e What The Trans!?.

Bockting et al. (2016) definem a afirmação de gênero como o processo interpessoal e interativo por meio do qual uma pessoa recebe reconhecimento social e apoio para expressar a sua identidade de gênero, o que pode incluir recursos médicos para aquelas que desejam. Segundo Hidalgo et al. (2013, p. 286), em um modelo de cuidado de afirmação de gênero, é preconizado que os usuários de saúde, inclusive crianças, tenham a oportunidade viver no gênero que seja mais confortável para elas e expressar esse gênero sem sofrer rejeição.

Russell et al. (2018) mostram, por exemplo, que o uso do nome social por jovens trans menores de idade é uma questão de saúde mental, pois o uso do nome social (em inglês chosen names) está associado a níveis menores de depressão, ideação e comportamento suicidas. O The Trevor Project mostra que jovens LGBTQ com acesso a espaços em que são capazes de expressar a sua orientação sexual e identidade de gênero relatam taxas mais baixas de tentativas de suicídio do que aqueles que não tem essa possibilidade.

Quanto mais cedo os jovens trans acessam cuidados afirmativos para a transição de gênero, menores são as chances de sofrerem com depressão e pensamentos suicidas (SORBARA et al., 2020). Serviços medicamente necessários pautados na afirmação de gênero, aceitos como o padrão no atendimento a pessoas trans, incluem atendimento em saúde mental, transição social não médica, terapia hormonal e cirurgias (AMA, 2021). Está bem documentado que a terapia hormonal e a cirurgia de confirmação de gênero estão correlacionadas com uma melhor qualidade de vida para pessoas transgêneras (WYLIE et al., 2016).

Para os jovens que atingiram a puberdade, intervenções hormonais são consideradas em protocolos nacionais e internacionais como o Endrocrine Society Guidelines e o World Professional Association for Transgender Health Standards of Care, consistindo na administração de medicamentos referidos como supressores de puberdade e terapia hormonal a partir dos 16 anos de idade. O uso de bloqueadores de puberdade é comprovadamente seguro e benéfico para jovens trans, está associado a uma menor chance de desenvolvimento de pensamentos suicídas, seus efeitos são reversíveis e não são experimentais, pois já são usados por muitos anos, inclusive em outras condições além da disforia de gênero, como puberdade precoce.

No Brasil, temos:

· Hormonização para pessoas trans, travestis e não binárias na atenção primária à saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (2023);

· Edição Temática Transexualidade no SUS do Boletim Epidemiológico Paulista (2023);

· Protocolo para o atendimento de pessoas transexuais e travestis no município de São Paulo, 2ª edição revisada e ampliada, (2023);

· Telecondutas: atendimento às pessoas transexuais e travestis na Atenção Primária à Saúde da TelessaúdeRS-UFRGS (2022);

· Protocolo Assistencial de Atendimento à população de Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Pessoas Trans e Travestis voltado à Atenção Primária à Saúde de Ribeirão Preto (2022);

· Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para terapia hormonal de afirmação de gênero (2022) da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM);

· Protocolo para o atendimento de pessoas transexuais e travestis no município de São Paulo (2020);

· Guia da Sociedade Brasileira de Pediatria (2017) sobre disforia de gênero, (atualizado em 2020);

· Posicionamento Conjunto Medicina Diagnóstica inclusiva: cuidando de pacientes transgênero (2019), da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica Medicina Laboratorial (SBPC ML), da Sociedade Brasileira de Endrocrinologia e Metaboloai (SBEM) e do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR);

· Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 2.265/2019 e o parecer nº 8/2013;

· Cartilha da Saúde do Homem Trans e Pessoas Transmasculinas (2018) do Núcleo de Homens Trans da Rede Trans.

· Publicações Transexualidade, travestilidade e direito à Saúde (2011) e Transexualidade e Travestilidade na Saúde (2015), ambas do Ministério da Saúde

· Manejo Clínico de sujeitos transexuais (2014) publicado no Archives of Endocrinology and Metabolism (revista oficial da SBEM);

· “Processo Transexualizador no SUS”, instituído pela Portaria SAS/MS nº 457/2008 e redefinido e ampliado pela Portaria GM/MS nº. 2.803/2013;

· Portal do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que reúne material sobre a despatologização das identidades trans e travestis (conferir publicações do CFP e dos Conselhos Regionais);

· Associação Brasileira Profissional pela Saúde Integral de Travestis, Transexuais e Intersexos (ABRASITTI).

Nenhuma intervenção prescinde de riscos ou efeitos colaterais em potencial, mas no caso do acesso aos cuidados afirmativos para crianças e adolescentes trans os seus benefícios superam os riscos e prejuízos decorrentes da falta de acesso.

Para o SOC-7 (COLEMAN et al., 2012, p. 174), a aceitação e a dissolução da identidade transgênera como um segredo podem trazer um alívio considerável para as crianças e os adolescentes com disforia de gênero e suas famílias. Vários estudos mostram a aceitação familiar e o suporte social como preditores de maior qualidade de vida e auto estima e como fatores de proteção contra desfechos negativos na saúde dos jovens trans (incluindo suicídio, pensamentos suicidas, abuso de substância e sintomas depressivos) (BOZA; NICHOLSON PERRY, 2014; ERICH et al., 2008; GRANT et al., 2011; MCDONALD, 2018; ROBERTS; CHRISTENS, 2020; RYAN et al., 2010; SIMONS et al., 2013; MOODY; SMITH, 2013; SNAPP et al., 2015; TRUJILLO et al., 2016; WILSON et al., 2016).

Jovens adultos LGBT que relataram altos níveis de aceitação familiar durante a adolescência apresentaram níveis significativamente mais elevados de autoestima, apoio social e saúde geral (incluindo a satisfação com a própria vida), em comparação com seus pares com baixos níveis de aceitação familiar. Uma pesquisa com 433 pessoas trans de Ontário, Canadá, mostrou que 70% das pessoas trans com apoio familiar tem uma saúde mental excelente ou muito boa, enquanto este número cai para apenas 15% entre aquelas pessoas trans que não são aceitas; 75% das pessoas trans que não são aceitas em suas famílias tem sintomas depressivos e apenas 23% possuem os mesmos sintomas quando são aceitas (TRAVERS et al., 2012).

A transição de gênero é comprovadamente eficaz para atenuar ou suprimir o sofrimento decorrente da disforia de gênero nas crianças e adolescentes (MURCHISON et al., 2016, p. 7). Os achados de Durwood et al. (2017), que mostram resultados notavelmente bons de saúde mental de 63 crianças transgêneras que fizeram a transição social, sugerem que a identificação forte com o gênero oposto ao designado no nascimento não pode ser associada por si só a níveis mais elevados de psicopatologia.

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Leia também: 5 Mitos mais comuns sobre crianças e jovens transgêneros.

Referências Bibliográficas

ACHILLE, Christal et al. Longitudinal impact of gender-affirming endocrine intervention on the mental health and well-being of transgender youths: preliminary results. International journal of pediatric endocrinology, v. 2020, n. 1, p. 1–5, 2020.

AINSWORTH, Tiffiny A.; SPIEGEL, Jeffrey H. Quality of life of individuals with and without facial feminization surgery or gender reassignment surgery. Quality of Life Research, v. 19, n. 7, p. 1019–1024, 2010.

AMA, American Medical Association. AMA to states: Stop interfering in health care of transgender children. 2021.

APA, American Psychological Association. DIRETRIZES PARA PRÁTICAS PSICOLÓGICAS COM PESSOAS TRANS E EM NÃO CONFORMIDADE DE GÊNERO, 2015.

BAILEY, Louis; ELLIS, Sonja J.; MCNEIL, Jay. Suicide risk in the UK trans population and the role of gender transition in decreasing suicidal ideation and suicide attempt. Mental Health Review Journal, 2014.

BARIOLA, Emily et al. Demographic and psychosocial factors associated with psychological distress and resilience among transgender individuals. American journal of public health, v. 105, n. 10, p. 2108–2116, 2015.

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Beatriz Pagliarini Bagagli
Beatriz Pagliarini Bagagli

Written by Beatriz Pagliarini Bagagli

Transfeminista e analista de discurso, pesquisa o campo de cuidado com a saúde e direitos coletivos para a população trans.

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